Esta grafic novel narra a vida e o cotidiano da família do artista durante os 14 meses que permaneceu morando em Myanmar, antiga Birmânia, junto com a esposa que trabalha para a ONG dos MSF (Médicos Sem Fronteiras). Delisle descreve no mesmo formato de diário de viagem, como a suas anteriores grafic novels Shenzhen (2006) e Pyongyang (2007), o cotidiano de um pais asiático onde a ditadura de uma junta militar é promotora de constantes instabilidades políticas o que deixa seus cidadãos isolados e sem perspectiva para o futuro.
Lançada em 2009, a grafic novel traz o depoimento do artista em sua ilustração cartunesca, sobre a cultura, os hábitos e os costumes do povo birmanês. De maneira humorada Delisle desenha o convívio com os estrangeiros que circulam no país e as dificuldades que as organizações humanitárias enfrentam aparecem no contexto político da falta de estrutura, junto a dificuldade das relações com o governo militar, que está pouco ou nada interessado em melhorar a vida da população. Neste contexto o autor consegue apontar os absurdos do controle deste Estado totalitário, de modo leve e direto.
O personagem é o próprio autor que vai vivenciando os acontecimentos. O seu olhar é o do estrangeiro, descompromissado em provar seu ponto de vista cosmopolita, apesar de podermos divisar uma postura investigativa, mas com grande perspicácia e respeito pelo que está acompanhando.
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