Recentemente Maus (rato em alemão), um clássico das histórias em quadrinhos contemporânea, chegou a ser proibida pelo conselho escolar de algumas escolas americanas no Tenensee, por conter uns oito palavrões e alguns desenhos de nudez. Essa censura não pode inferir na qualidade da grafic novel escrita e desenhada por Art Spiegelman, sobre os relatos do pai sobrevivente do holocausto.
As qualidades de Maus levaram-na a ser
premiada com o Pulitzer em 1992, sendo a única HQ a consegui-lo, além de ser
considerada um marco para produções em quadrinhos no mundo.
Spiegelman publicou a primeira parte de
Maus em 1986, depois de 8 anos trabalhando nela, tendo por base os relatos de
seu pai, falecido em 18 de agosto de 1982, sobre os anos de guerra, a
perseguição aos judeus e sua passagem por Auschwitz.
Maus segue a história de Vladek Spiegelman, judeu de origem
polonesa, desde sua juventude como negociante de tecidos, do casamento com sua
amada Anja e os percalços enfrentados durante os anos de guerra.
Maus é uma obra bibliográfica contada de
modo muito especial. A escolha pela aparência antropozoomórfica (característica
atribuída a seres cujo corpo é parte humana e parte animal), elevam o caráter
caricatural dos personagens, trazendo à alegoria um subtexto sobre o antissemitismo preponderante na Europa que colaboraram para o holocausto e a morte nos
campos de concentração de milhões de seres humanos.
Os alemães transformados em gatos, os
judeus representados como ratos, poloneses como porquinhos, os americanos como
cachorros, e assim por diante, revelam a critica às diferenças raciais. O desenho em preto e branco guarda
características expressionistas, com contrastes e distorções fortes, dramáticas, ampliam os atributos do texto, exemplarmente escrito por Spielgeman que surpreende
pela objetividade que naturalmente o gênero dos quadrinhos tem, sem perder as
qualidades de uma biografia com um triste relato dos perturbadores
anos de guerra.
Maus é uma obra relevante , por
seu poder de denúncia atemporal dos crimes de guerra, e nunca se tornou tão necessária no
atual contexto mundial. Em Janeiro de 2022, voltou a estar entre os livros mais
vendidos na Amazon dos EUA (depois do polêmico banimento das escolas
americanas). No Brasil continua publicada pela Quadrinhos na Cia (selo da Cia
das Letras).
Recomendadíssimo!
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